29 de out. de 2011

Lesão em cervical tira Jaqueline da disputa pelo ouro no Pan Americano


Na noite deste sábado, na estréia do Brasil no Pan contra a Republica Dominicana, Jaqueline sofreu uma queda e bateu a parte de trás da cabeça na cabeça da líbero Fabi. A jogadora ficou caída no chão até chegar a equipe médica, e então teve o pescoço imobilizado e foi retirada de maca para em seguida ser levada ao Hospital Real San Jose, em Guadalajara. Jaqueline passou por uma tomografia computadorizada e uma ressonância magnética, ficando constatadas a concussão cerebral e a fratura cervical, sem lesão na medula.
Em caso de lesão medular, a jogadora teria perdido alguns movimentos dos braços e todos os movimentos da cintura para baixo. Como a lesão foi em C5-C6, as raízes abaixo de C5 teriam sido comprometidas, o que significa que ela teria perdido movimentos de flexão e extensão do cotovelo, dos dedos (movimentos de pinça, por exemplo, o que a impediria de pegar objetos com as mãos) e dos membros inferiores, entre outros. Porém, o fato de Jaqueline ter tido seu pescoço imobilizado pode ter evitado uma possível compressão na medula pelo fragmento fraturado e por isso, a atleta sofreu apenas fraturas em duas vértebras cervicais e recebeu alta no dia seguinte.
 Em casos como o de Jaqueline, o tratamento torna-se mais simples e pode ser tratado de forma conservadora. A jogadora terá que usar um colar cervical por oito semanas, para que haja a consolidação das fraturas das vértebras C5 e C6 e tomar AINE para reduzir a dor e a inflamação no local. Após o tempo de imobilização, Jaqueline deverá fazer fisioterapia para recuperação da musculatura cervical e dos movimentos articulares.
ANATOMIA COLUNA CERVICAL
A coluna cervical é composta por sete vértebras que estão subdivididas em superior, sendo composta de atlas (C1) e axis (C2), e inferior que começa em C3 e termina em C7. A cervical superior tem uma menor mobilidade comparada com a inferior, que possui larga amplitude de movimento. Cada vértebra é formada por um corpo vertebral, um disco intervertebral e ligamentos na porção anterior, facetas e cápsulas articulares em sua porção lateral, processos espinhosos e transversos em sua porção posterior. As fraturas podem ocorrer nas porções laterais (pars articulares) e posteriores (processos espinhosos e transversos) e podem ser estáveis, quando não há mudanças estruturais que causem danos à medula ou às raízes nervosas, ou instáveis.
 
 CONSOLIDAÇÃO DE UMA FRATURA
Quando a fratura é classificada como estável, o tratamento é conservador e é necessário imobilizá-la para que haja um processo de consolidação. Este processo é caracterizado por 3 fases:
  1. Fase Inflamatória (duração de 1-2 semanas) – Inicialmente, a fratura incita uma reação inflamatória. O aumento da vascularização que envolve a fratura permite a formação de um hematoma de fratura, que em breve será invadido por células inflamatórias, como neutrófilos, macrófagos, e fagócitos. Essas células, inclusive os osteoclastos, funcionam de modo a eliminar o tecido necrosado, preparando o terreno para a fase reparativa.
  2. Fase Reparativa (meses) – Nessa fase o hematoma de fratura é então invadido por condroblastos e fibroblastos, que depositam a matriz para o calo. Inicialmente, forma-se um calo mole, composto principalmente por tecido fibroso e cartilagem. Então, os osteoblastos iniciam o processo de mineralização desse calo mole, convertendo-o num calo duro, o que aumenta a estabilidade da fratura.
  3. Fase de Remodelamento – Essa fase consiste em atividades osteoblásticas e osteoclásticas que resultam na substituição do osso desorganizado e imaturo por osso organizado e maduro. Ocorre reabsorção do osso das superfícies convexas e formação nova de osso nas superfícies côncavas.
No tratamento de uma fratura estável na cervical, como foi o caso da nossa jogadora Jaqueline, deve ser feito primeiramente a imobilização com um colete cervical, para que haja o processo de consolidação. O uso desse colete é normalmente de oito semanas, podendo se estender um pouco mais.
Com o uso do colete, as musculaturas superficiais e profundas do pescoço perdem trofismo e força, por isso o papel da fisioterapia após a retirada do imobilizador é tão importante. Além disso, durante o trauma alguns músculos entram em contração na tentativa de proteger o local da lesão, o que leva o paciente a ter pontos dolorosos em certos grupos musculares e até mesmo perda de movimento.
Após a retirada do colete o atleta é encaminhado para a fisioterapia. Nessa fase a fisioterapia deve promover o alívio da dor e recuperar a amplitude de movimento completa do pescoço. Para isso podemos utilizar de recursos como a eletrotermofototerapia, que irá promover um alívio da dor e um relaxamento da musculatura, tornando mais fácil o ganho de movimento e promovendo analgesia. Além disso, podemos fazer uso de terapias manuais para mobilizar alguma vértebra que possa estar hipomóvel. Muitas vezes, pacientes que apresentam dor em região cervical têm hipomobilidade na região torácica. É importante fazer uma avaliação completa da coluna para observar a harmonia do movimento de cada vértebra, já que uma vértebra com pouca mobilidade pode sobrecarregar outra vértebra vizinha, causando maior instabilidade no local. Mas cuidado ao realizar mobilizações nas vértebras que sofreram fratura! É muito importante saber se a fratura já está consolidada, para então realizar qualquer tipo de mobilização. Os alongamentos também são importantes nessa fase da recuperação.
Em seguida, a fisioterapia deve iniciar um trabalho de fortalecimento, tanto de musculatura superficial como também da musculatura profunda do pescoço (multifídeos, longo da cabeça e longo do pescoço). A musculatura superficial é considerada dinâmica, já a profunda é uma musculatura estabilizadora. Para trabalhar a estabilização da coluna cervical devemos realizar exercícios de flexão da cervical alta (conhecido também como Chin Tuck Exercise) em 3 etapas:
  1. Fase Cognitiva: paciente deve ter conhecimento da musculatura que irá fortalecer e aprender a contraí-la isoladamente (fisioterapeuta pode dar o feedback ao paciente ou fazer uso do Stabilizer ®)
  2. Fase Associativa: paciente sabe como contrair a musculatura e começa a associar alguns movimentos durante a contração (levantar um braço, uma perna, fica sentado, levantar, etc)
  3. Fase Autonômica: paciente realiza a contração da musculatura profunda automaticamente, de forma involuntária (para chegar nessa fase o paciente demora em torno de 6-8 semanas).
 
Associado a esse trabalho da musculatura profunda devemos fortalecer a musculatura superficial. Para isso podemos iniciar os exercícios de forma isométrica e evoluir para a contração isotônica com resistência externa (faixas elásticas, pesos, etc). É importante fortalecer também a musculatura periescapular (serrátil anterior, grande dorsal, rotadores laterais e mediais, trapézio médio e inferior) para uma maior estabilidade.
Para finalizar o tratamento é necessário realizar um treino sensório-motor, para que o atleta tenha um retorno completo ao esporte. O objetivo do treino sensório-motor é realizar integrações centrais, sensoriais e motoras e manter a integridade das articulações durante os movimentos corporais e as manutenções de postura. O programa de treinamento sensório-motor deve ser realizado de forma especifica para o esporte em questão, pois cada esporte possui características próprias. O programa deve ser realizado de forma progressiva e deve focar alguns aspectos, como: flexibilidade, agilidade, força, treino de gesto esportivo e pliometria (essa última melhora a estabilização articular e potencializa a contração muscular). Podem ser utilizados vários equipamentos no treino sensório-motor, sendo estes, colchões e colchonetes, dynadisc, bolas, cama elástica (mini trampolim), giroplano, prancha de equilíbrio, faixas elásticas, entre outros.
O tratamento completo após uma fratura na região de cervical é simples, porém requer cuidado. 
É importante respeitar todas as etapas do tratamento, desde o tempo de consolidação da fratura até o retorno ao esporte do atleta.
Vamos torcer para que a nossa jogadora Jaqueline consiga voltar aos treinos a tempo de participar do mundial de voleibol!!
Dr. Daniel D'Attilio

Atendimento Emergencial no Pan Guadalajara


Participam do jogos  Panamericanos de Guadalajara  42 países, com seus atletas disputando medalhas em 47 modalidades esportivas. Durante as disputas os atletas estão suscetíveis a lesões. Faz parte da organização de um evento como este a estruturação de um serviço de atendimento médico aos atletas. Cada delegação conta com a sua equipe médica, que é composta por diversos profissionais da saúde, como médicos, enfermeiros e fisioterapeutas.
Alguns países, contam com os próprios treinadores, que realizam cursos certificados por Associações credenciadas e podem desempenhar alguns procedimentos no atendimento emergencial ao atleta de acordo com o nível de complexidade. Uma boa equipe da saúde para atletas exige trabalho em conjunto e preparação. É importante ressaltar que cada profissional possui uma função específica para assegurar uma avaliação adequada e cuidados a atletas lesionados. O profissional não deve assumir deveres que não são de sua competência. O profissional pode desempenhar uma função no atendimento emergencial na realização de determinado procedimento respeitando a sua formação.
Profissionais
Nas modalidades de quadra, como por exemplo o basquetebol, handebol e voleibol, há a presença do médico e fisioterapeuta no banco, que podem prestar esse primeiro atendimento. Nessas modalidades é possível retirar o atleta de quadra, e este retornar se apresentar condições de jogo de acordo com a avaliação. Em várias modalidades, como no judô e tênis há regras mais específicas para o atendimento, com tempo para a realização de procedimentos. O desconhecimento das regras pode levar a desclassificação do atleta, sendo de suma importância que o profissional conheça todas as regras de atendimento. No tênis, é muito presente a atuação do fisioterapeuta, uma das regras de atendimento é a  realização da avaliação, seguida do procedimento com duração no máximo de 3 minutos.


De uma forma geral, antes de oferecer assistência a um atleta, deve-se avaliar a segurança do local, nível de consciência e mecanismo de lesão. Essa etapa é realizada rapidamente, porém de maneira cuidadosa. Ao avaliar o atleta procuramos identificar se este tem condições de continuar na prática, se necessário realizar algum procedimento ou quando a gravidade da lesão é maior é indicado a sua remoção.

Normalmente, o kit de primeiros socorros contém: 

  • Ataduras, gazes esterilizadas, talas, tesoura, luvas de procedimento, faixas elásticas, esparadrapos, soro fisiológico, álcool, sacos plásticos, termômetro, faixas de crepe.
Além disso, no local deve ter gelo, macas para remoção, imobilizadores e o suporte de uma ambulância, com os equipamentos e profissionais habilitados para utilizá-los se necessário.

A ocorrência de lesões varia muito entre as modalidades esportivas e podem ser por trauma direto com outro atleta ou equipamentos, piso, condições climáticas e fatores intrínsecos do atleta. Para citar algumas lesões, o entorse de tornozelo é muito comum em esportes como o basquetebol, voleibol e handebol. Em esportes de lutas, observamos luxações articulares e escoriações. Já no atletismo são comuns as lesões musculares.
No entorse de tornozelo, deve ser observado o mecanismo de lesão, para tentar identificar possíveis lesões ligamentares e outras lesões associadas, como fraturas. A avaliação é guiada de tentando identificar se o paciente apresenta condições de continuar a prática. O procedimento comum no entorse de tornozelo é o PRICE. O paciente também pode ser encaminhado para a realização de exames mais específicos, descartando lesões associadas.
Nas luxações articulares é preciso muita cautela, pois profissionais não habilitados podem agravar a lesão. O procedimento indicado é a imobilização do membro na posição, sem realizar a redução, e a remoção do paciente para o atendimento em serviço médico especializado.
Para lidar com as lesões de maneira segura e eficiente é preciso estar preparado para o atendimento e se manter atualizado sobre os procedimentos no atendimento emergencial.

Dr. Daniel D´Attilio

28 de out. de 2011

A FORÇA DO PILATES


O método começa a ser indicado por médicos e ganha espaço dentro dos hospitais para auxiliar na recuperação de males como dor, câncer e doenças neurológicas


No mundo do fitness, a explosão de novas modalidades é uma constante. Mas, normalmente, com a mesma velocidade com que surgem, elas desaparecem após poucos meses. Quando resistem, tornam-se aqueles fenômenos que mudam a história da malhação e a maneira como enxergamos a atividade física. Foi assim com o surgimento da aeróbica, com a expansão da musculação e assim está sendo com o Pilates. Criado pelo alemão Joseph Pilates durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o método rapidamente caiu no gosto dos bailarinos, que o usavam como complemento ao treino. Mas foi só a partir da década de 90 que se popularizou, atraindo milhares de adeptos em todo o mundo e tornando-se a maior revolução do fitness dos últimos anos. Só nos Estados Unidos, primeiro país a receber um estúdio com aulas da modalidade (ministradas pelo próprio Pilates em Nova York), estima-se que cerca de dez milhões de pessoas o pratiquem. No Brasil, não há dados precisos, mas o crescimento pode ser observado pela grande quantidade de estúdios e de pessoas que se confessam fãs do Pilates. “A rápida percepção dos resultados incentiva cada vez mais gente a aderir à técnica”, analisa a fisioterapeuta Solaine Perini, presidente da Associação Brasileira de Pilates. “Isso faz dele o método de condicionamento físico que mais ganha adeptos no mundo.”


As razões para se buscar o Pilates são as mais variadas. Há desde os desejosos de esculpir o corpo (inspirados por celebridades como a cantora Madonna, que credita parte de sua boa forma à técnica) até os interessados em exercícios capazes de ajudar na prevenção ou na recuperação de problemas como dores e lesões. Como anseios tão diferentes cabem dentro de um mesmo método? “Pilates se preocupou em criar uma técnica que trabalha a saúde como um todo”, considera Inelia Garcia, uma das primeiras instrutoras do método no Brasil e hoje dona de um império com mais de 47 estúdios e dez mil alunos espalhados por todo o País. “O corpo torna-se mais forte, flexível e resistente”, diz. “Na parte mental, os exercícios melhoram a concentração e a memória. E o trabalho com a respiração ajuda no controle das emoções”, completa.




A abrangência das lições deixadas por Pilates chama mesmo a atenção. Vem de uma preocupação constante que guiou o seu trabalho: imprimir ciência à técnica. Toda a metodologia de Pilates parte do conceito de “centro de força” (ou power house). O termo, por ele criado, define a região central do corpo humano. “São os músculos da coluna, do quadril, das coxas e do entorno do abdome”, diz Aline Haas, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e instrutora certificada pela Pilates Method Alliance, dos Estados Unidos. “Eles são os flexores e extensores da coluna e do quadril e estão na musculatura profunda da pelve.” De acordo com os princípios preconizados por Pilates, fortalecer essa região é a melhor maneira de garantir uma boa sustentação para o corpo humano.

Lech é um dos médicos que indicam a prática aos pacientes

Ao compreender o trabalho muscular realizado durante os movimentos, Pilates criou exercícios e aparelhos capazes de estimular os músculos, inclusive os mais profundos e em geral pouco acionados no cotidiano. Os resultados são tão impressionantes que têm ocupado o tempo dos cientistas. Parte deles está especialmente interessada em levantar mais do que transformações corporais que o método pode proporcionar. Querem conhecer as suas possíveis indicações terapêuticas. 


E o que se descobriu até agora é alentador. Um exemplo: trabalhos demonstram que a técnica pode ser eficaz para a redução das dores, com efeitos animadores em casos de dor lombar e de fibromialgia (dor crônica sem origem aparente, mais comum em mulheres, e sentida em vários pontos do corpo). Um dos estudos pioneiros foi feito no Departamento de Medicina do Esporte e Reabilitação do Instituto Ortopédico Gaetano Pini, na Itália. Os pesquisadores recrutaram 43 pacientes com dor lombar. Parte deles fez Pilates, enquanto os demais foram submetidos ao tratamento da Escola da Coluna (método fisioterapêutico criado na década de 60). Ao fim de dez dias, quem praticou Pilates teve ganhos similares aos da fisioterapia tradicional, mas com uma vantagem: estava muito mais contente. Entre os que tiveram aula de Pilates, 61% declararam-se muito satisfeitos com a terapia, contra 4,5% entre os que foram submetidos à outra técnica.


Simone, do hospital Albert Einstein (SP), usa a técnica na reabilitação de lesões

Corrobora com o trabalho italiano a revisão proposta pelo fisioterapeuta Edward Lim, do Hospital Geral de Cingapura – a primeira sobre o tema. Lim reuniu sete pesquisas de diversas partes do mundo. Todas sobre o efeito do Pilates em pacientes com dores na parte inferior da coluna. A conclusão: o método é realmente válido para tratar o problema. “Mas os exercícios precisam ser estruturados para atender aos variados quadros clínicos dos pacientes”, disse Lim à ISTOÉ.


Como o que ocorre com a dor lombar, o uso da técnica para casos de fibromialgia também vem ganhando respaldo científico. Em especial após a divulgação dos primeiros resultados de uma pesquisa realizada na Universidade de Uludag, na Turquia. A equipe acompanhou 50 voluntárias durante 12 semanas. Divididas em dois grupos, metade das mulheres frequentou aulas de Pilates e as demais foram orientadas a praticar exercícios de relaxamento e alongamento em casa. Enquanto o primeiro grupo relatou melhoras significativas na dor, o segundo teve alterações positivas bem pequenas.


No Hospital Brasil (SP), a fisioterapeuta Marta atende pacientes indicados por médicos

As comprovações têm encorajado médicos a indicar a técnica a seus pacientes. “É um recurso muito útil, em especial nos casos de dor nas costas sem causa específica”, afirma o traumatologista e ortopedista Alberto Mendes, de São Paulo. “Além do alongamento e do equilíbrio postural, o Pilates faz um trabalho de fortalecimento muscular muito positivo, pois ajuda na sustentação da coluna”, diz o médico. O reconhecimento da importância do método também pode ser medido por sua incorporação pela fisioterapia. “Temos uma resolução que ampara o fisioterapeuta no uso do Pilates como recurso terapêutico”, diz Wiron Correia Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Fisioterapia. 


A chave para entender esses benefícios está em um dos fundamentos preconizados pelo alemão Pilates: o equilíbrio. “Quando as cadeias musculares estão em equilíbrio, há redução da dor”, explica Osvandré Lech, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia, que também indica o método. Pessoas em busca de redução da dor já formam um grupo comum nos estúdios. “Em 80% dos casos, nossos alunos vêm com esse objetivo”, conta Juliana Takiishi, coordenadora de Pilates do Centro de Bem-Estar Levitas, em São Paulo. Parte deles chega às aulas por conta própria. A outra, por recomendação médica.



O fluxo de pacientes dos consultórios para os estúdios tem inspirado outra tendência: a oferta de Pilates dentro dos próprios hospitais. Na Clínica Mayo, centro de referência médica mundial, localizada nos Estados Unidos, o interesse nos benefícios que a técnica pode oferecer a pessoas doentes é tão grande que a instituição está realizando uma pesquisa para delinear melhor os ganhos obtidos. “Há um grande número de pessoas que tiveram câncer aderindo ao método”, informa a médica Daniela Stan, da instituição americana. A pesquisadora está concluindo um estudo com 15 mulheres, previsto para ser publicado no início de 2012. Durante três meses, as voluntárias participaram de aulas na instituição sob os olhos atentos de Daniela. “Há melhoria dos movimentos no lado do corpo afetado pela doença, assim como maior flexibilidade”, disse à ISTOÉ. “Também notamos melhora no humor e na satisfação com o corpo.”


Outra instituição a oferecer aulas é o prestigiado M. D. Anderson Cancer Center, também nos Estados Unidos. Por lá, pacientes que têm ou tiveram tumor de mama podem usufruir de uma aula por semana, indicada para ajudar no controle dos sintomas, como dor e fadiga. Na Suny Upstate Medical University, em Siracusa (EUA), as indicações são mais amplas. “Usamos para ajudar na reabilitação de pessoas com problemas músculo-esqueléticos”, contou à ISTOÉ Karen Kemmis, fisiologista do exercício e responsável pelo serviço. “Se alguém, por exemplo, sofre com dor no ombro e minha avaliação mostra que essa pessoa não tem um bom controle do movimento nessa região, usamos o Pilates para melhorar os padrões de movimento, prevenindo a ocorrência de mais prejuízos na área”, explicou.



No centro americano, o método é utilizado ainda para auxiliar na reabilitação de portadores de doenças neurológicas. “Entre eles estão indivíduos com doença de Parkinson e que sofreram acidente vascular cerebral”, contou Karen. Nesses casos, além de contribuir para a melhora de movimentos prejudicados, estimula a habilidade de concentração.
A tendência de implementar estúdios em hospitais já começa a ser vista também por aqui. Exemplos são os hospitais Brasil, Integrante da Rede D’Or, e Albert Einstein, ambos em São Paulo. “Usamos como continuidade do tratamento ortopédico em pacientes que tiveram alta”, explica a fisioterapeuta Simone Przewalla, do Albert Einstein.
A instituição atende em média 20 pessoas por mês. “É uma atividade segura, que preserva bastante as articulações”, acrescenta Simone. A equipe responsável pelas aulas é formada apenas por fisioterapeutas. E o cuidado é intenso. “O médico nos manda uma carta dizendo o que o paciente tem, o que ele não pode fazer e quais objetivos devem ser atingidos”, diz a fisioterapeuta Marta Cordeiro Pereira, do Hospital Brasil. No Rio de Janeiro, a técnica está na lista das atividades sugeridas pela Clínica Cardiomex, coordenada por médicos especializados em medicina do esporte e cardiologia. “Entre outros benefícios, o Pilates reduz o estresse”, diz a cardiologista Isa Bragança.


Mas não só o uso clínico do método tem merecido atenção dos cientistas. Responder a perguntas ainda não esclarecidas na área do fitness também é objeto frequente das pesquisas. Quem busca o Pilates apenas como uma forma de malhação vê na prática um modo de ganhar força e flexibilidade. E, claro, melhorar a definição da área abdominal. Mas será que isso pode mesmo ser atingido? De acordo com os pesquisadores que têm se dedicado a estudar a prática, sim. E a boa notícia é que os resultados aparecem pouco depois das primeiras aulas. Foi a conclusão à qual chegaram pesquisadores do Centro de Saúde da Turquia. Ao acompanhar um grupo de 38 mulheres sedentárias, eles perceberam que cinco semanas após o início das aulas o corpo já respondia aos estímulos dados pelos exercícios. Nas 21 voluntárias submetidas à técnica houve aumento da força nos músculos abdominais e melhora na flexibilidade. Pesquisa semelhante realizada na Universidade do Estado do Colorado (EUA) constatou esses mesmos ganhos entre voluntários de meia-idade. “E os benefícios foram percebidos com a prática de exercícios de intensidade relativamente baixa, que podem ser realizados sem aparelhos”, anotou no estudo June Kloubec, coordenadora do trabalho.
Mas há o outro lado da moeda. Após testes realizados para o Colégio Americano de Medicina do Esporte pela pesquisadora Michele Olson, da Universidade de Auburn, no Alabama (EUA), acendeu-se o alerta vermelho para a crença de que o Pilates pode ser usado como método de emagrecimento por si só. O que Michele constatou foi que a queima calórica das aulas da modalidade é baixa. No nível básico, uma hora de Pilates equivale a menos de 200 calorias. “Pilates é um treino de força e resistência”, disse Michele à ISTOÉ. “Se a pessoa quer queimar calorias, o melhor é praticar corrida ou spinning”, acrescentou. Isso não significa dizer, porém, que é preciso trocar o estúdio pelo tênis. O Pilates pode ajudar a emagrecer. “Ao começar a praticar, o aluno percebe mudanças positivas no corpo, como força, alinhamento postural, menos dores”, diz a fisioterapeuta Kátia Pinho, do Studio Airmid, de São Paulo. “Sua autoestima aumenta muito, o que é fundamental para iniciar um programa de emagrecimento.”
Além disso, ele contribui para manter o peso. O trabalho muscular aumenta a massa magra no corpo que, por sua vez, potencializa o consumo calórico do organismo. Na prática, quer dizer que ganhar músculos (e para isso o Pilates é muito válido) aumenta a quantidade de calorias consumidas pelo corpo para manter-se, pois as células musculares gastam mais energia para funcionar do que as células de gordura. Mais uma das qualidades do Pilates.












Dr. Daniel D'Attilio
Matéria Retirada na Integra do Site da Revista ISTOÉ

12 de out. de 2011

Idosos - Porque praticar Pilates?


Se você está pensando em ter aulas de Pilates, mas tem dúvidas se você pode conseguir, pense da seguinte maneira: Joseph Pilates, o inventor do método praticava Pilates muito bem em seus oitenta anos.
Um estudo publicado na revista médica “Spine”, relatou os efeitos do exercício de Pilates no alinhamento postural em adultos com mais de 60 anos de idade. Depois de seguir um grupo de 34 pessoas que estiveram envolvidas em um programa de Pilates de dez semanas, os pesquisadores descobriram que sua postura melhorou substancialmente.
O princípio básico de Pilates trabalha o fortalecimento e alongamento dos músculos de forma equilibrada. A força do núcleo é o objetivo em todos os programas Pilates, é importante manter os músculos do núcleo fortes à medida que envelhecemos, à fim de evitar dores nas costas. Pilates também é visto como um exercício para promover uma sensação geral de bem-estar.
Os benefícios
São muitos os benefícios proporcionados pelo Pilates aos idosos: alívio da dor, principalmente as lombares, maior percepção dos movimentos, fortalecimento muscular, maior equilíbrio, aumento da flexibilidade (musculatura mais alongada), alívio do estresse, entre outros. A grande vantagem está na melhora da auto-estima do praticante, uma vez que ele consegue realizar uma série de exercícios físicos que até então, não se julgava capaz.
Mais força, maior controle muscular, melhor capacidade respiratória e melhor circulação, maior flexibilidade, musculatura mais alongada, tonificada e definida, postura mais correta, mais consciência corporal, maiores equilíbrio e coordenação, alívio do estresse, da fadiga e de dores musculares e melhor saúde das articulações são alguns dos ganhos enumerados. Tudo em benefício dos mais idosos ou de quem tem algum problema de saúde que causa limitações físicas.
Fazer Pilates não é mérito só de pessoas mais jovens. O Pilates oferece um atendimento personalizado para idosos, realizando um trabalho corporal direcionado às pessoas com limitações físicas de acordo com a idade. Se você optar por ter aulas, mas tiver algum problema médico, primeiro verifique com seu médico. Além disso, certifique-se de seu instrutor de Pilates é certificado. Tenha em mente que um bom instrutor vai oferecer sugestões para modificações exercício, e as aulas devem ser pequenas o suficiente para que a instrução individual esteje disponível.

Fonte: thirdage.com, ABP

 
As informações deste blog tem objetivo de informar e propagar o conhecimento. Não estão aqui em caráter de consulta, tampouco substituem a consulta médica ou fisioterapêutica. Os profissionais de saúde são os únicos indicados para avaliar e traçar a conduta necessária caso a caso. Se estiver com algum problema, procure um profissional de saúde.